O papa Francisco inicia nesta terça-feira (1º) a rodada de reuniões de três dias com o Conselho de oito cardeais nomeado para estudar o projeto de reforma da Cúria romana, o Governo da Igreja Católica.
O grupo é chamado de "G8 da Igreja", em alusão ao grupo dos oito países mais ricos do mundo. Esse conselho de cardeais é considerado um novo instrumento de consulta com o qual o papa poderá contar durante todo o seu pontificado. Sua missão será, além de estudar um projeto de revisão da Constituição Apostólica Pastor Bonus sobre a Cúria Romana, aconselhar o papa em outros temas de governo e da Igreja.
"Esperamos que o trabalho iniciado hoje nos torne todos mais humildes, mais dóceis, mais pacientes e nos dê mais confiança em Deus, para que assim a Igreja possa dar bom testemunho às pessoas. E que elas, vendo esta Igreja, sintam vontade de vir para nós", disse o papa na Casa Santa Marta, acompanhado pelos oito cardeais.
Nestes três dias, o papa e os cardeais permanecerão reunidos em sessões pela manhã e tarde, com exceção da quarta-feira (2), quando o pontífice deixará os trabalhos para participar da audiência geral, realizada semanalmente.
Além da reforma da Cúria, que poderia incluir a eliminação ou a fusão de alguns destes "ministérios", o papa Francisco e seus cardeais também abordarão a estrutura da Secretaria de Estado e seu poder e competências. Na mesa dos oito cardeais e de Francisco já estão cerca de 80 relatórios. Além destes, serão examinados outros documentos entregues pelos chefes dos dicastérios, os ministérios que formam a Cúria romana, com quem o papa se reuniu há algumas semanas. Os cardeais não podem fazer declarações sobre os assuntos tratados nas reuniões.
A criação do "G8 cardeais" surgiu a partir das sugestões e propostas realizadas nas congregações dos cardeais prévias ao conclave, quando muitos pediram uma urgente reforma do Governo da Igreja e, inclusive, de um modo mais transparente e colegial. O grupo é formado por cardeais representantes dos cinco continentes: o presidente do Governo do Estado da Cidade do Vaticano, o italiano Giuseppe Bertello; o arcebispo emérito de Santiago do Chile, o cardeal Francisco Javier Errázuriz Ossa; o arcebispo de Mumbai, Oswald Graças; o arcebispo de Munique, Reinhard Marx; o arcebispo de Kinshasa, Laurent Monsengwo Pasinya; o arcebispo de Boston, Sean Patrick O'Malley; o arcebispo de Sydney, George Pell e o arcebispo de Tegucigalpa (Honduras), Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga. O bispo de Albano, Marcello Semeraro, será o secretário do grupo. O papa Francisco poderá se reunir a sós com cada um dos membros citados se achar oportuno e também poderá aumentar ou modificar o número de integrantes do Conselho.
Em entrevista ao jornal "La Repubblica", o papa Francisco disse que o grande defeito da Cúria romana é se ocupar demais do Vaticano e se esquecer do resto do mundo. A Cúria "tem um defeito: é Vaticano-Cêntrica. Vê e se ocupa dos interesses do Vaticano e esquece o mundo que a rodeia. Não compartilho esta visão e farei de tudo para trocá-la", disse o pontífice.
Ainda será preciso de tempo para se observar as mudanças que a reforma ocasionará. Depois destas rodadas de encontros, deverão ocorrer outros, ainda sem data definida.
FONTE: ÉPOCA