sábado, 16 de outubro de 2021

TEMOS MOTIVOS PARA COMEMORAR OU SERÁ QUE TEMOS PROFESSORES DEMAIS?

 

Antonieta de Barros
Por: Leandro Bahiah.

Foto: Internet.


Ontem, foi o dia do professor, por isso, parabéns a todos os professores e professoras, isso, foi graças ao empenho da primeira deputada negra eleita no Brasil por Santa Catarina em 1934, Antonieta de Barros, era a primeira vez que a mulher podia se candidatar. A mesma criou a Lei do Dia do Professor, aprovada 50 anos depois da abolição da escravidão. O dia 15 de outubro foi escolhido, pois, foi à data em que D. Pedro I instituiu o Ensino Elementar no Brasil, em 1827, contudo, só após o Decreto do Presidente João Goulart em 1963, 15 anos depois, foi que o Dia do Professor pode ser comemorado em todo Brasil, como sempre um presidente progressista.

Os professores têm motivos para comemorar o seu dia?

É um dia de homenagens, de receber elogios, de refletir a importância do papel do professor nesta sociedade de conflitos e de contrastes sociais, deste formador de opinião, que deve ser o primeiro a estar na linha de frente da batalha, afirmava Freire, em suas obras.

Neste dia 15, alunos, sociedade civil e os políticos fazem questão de enaltecer o trabalho deste profissional, e, só. E nos outros 364 dias?

Certa feita, conversando com uma amiga de faculdade, ela me confessou que os professores é uma classe mais desunida que existe, inclusive, nesses tempos de reforma trabalhista de Bolsonaro, que acabou precarizando o funcionamento dos sindicatos, que em primeira análise, é quem de fato luta pelos trabalhadores da classe, ou que pelo o menos, deveria.

E o que unem os professores?

O discurso de melhores salários, aprovação de uma Carreira, formação continuada, precatórios, e etc; Todas são reivindicações justas e legítimas. E por que está união não vão adiante? Questões políticas, pode ser um dos fatores. Todos têm direitos, inclusive, os contratados, no que se refere aos precatórios, todavia, não existe aquele que dar o primeiro grito – temendo algo – e sabe quando os mesmos terão seus direitos conquistados? Se continuar assim: nunca.

Direitos, só se é conquistado na luta política, não é política partidária essa que causa arrepios, mas, quem não toma partido não chega lugar algum, quiçá, venha um Anjo do Céu e estale o chicote da justiça e resolvam todos os problemas – não vai, sinto em desapontá-los, como diz Ciro Gomes.

Apesar do contexto pandêmico, do enfrentamento aos novos desafios, inovações, da garra dos professores para lutar por cada aluno, sou testemunha, animando-os, para que se façam presentes nas aulas e aprenda, pois, todos sem exceção, até mesmo os desanimados por todas as questões da práxis da profissão – acreditam que só através da educação, e do conhecimento, o cidadão por ter seus direitos e deveres respeitados, ou seja, viver uma cidadania plena sendo capaz de transformar sua própria realidade.

Neste sentido, acreditava Antonieta de Barros também, alfabetizada aos 17 anos, e filha de mãe escravizada, via a importância da educação tanto que criou o Curso Particular Antonieta de Barros, e, passou a dar aulas para pessoas carentes.

Para isso, não tem outra saída, é tomar partido, dar exemplos, lutar o bom combate. Primeiro, oferecendo educação histórico-crítica, e por fim, o engajamento na luta, ocupando todos os espaços de poder – é dialogar na luta. É negociar na luta.

Temos motivos para comemorar?

Se levarmos em conta, que estamos enfrentando uma pandemia, sofrendo as consequências da ação de um governo genocida, que afirma que temos professores de mais, que prefere amar a pátria, ao invés, de lhes dar consciência crítica, devem-se comemorar, principalmente, por ainda estarmos vivos.

Viva Antonieta de Barros! Fora Bolsonaro e aos que acham que “têm professores demais”.  E para os que votam no Bolsonaro? É só deixar como está, todo mundo tem o Messias que merecem, e neste contexto, para quer direitos?

Parabéns professores e professoras que planejam, que dar aulas, que avaliam, que se autoavaliam, que lutam pelo direito intransigente do seu aluno aprender, agora, falta lutar pelos seus direitos.


DA REDAÇÃO, Pop. Por que 15 de outubro é o Dia do Professor. Exame. Disponível em <https://exame.com/pop/por-que-15-de-outubro-e-o-dia-do-professor/> Acesso em 16 Out. 2021.

FREIRE, Paulo. (1921-1997). Pedagogia do Oprimido.  – 72. ed. – Rio de Janeiro/ São Paulo: Paz e Terra, 2020.

G1. Santa Catarina. Lei do Dia do Professor tem assinatura da catarinense Antonieta de Barros, primeira deputada negra do Brasil. Disponível em <https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2021/10/15/lei-do-dia-do-professor-tem-assinatura-da-primeira-deputada-negra-antonieta-de-barros.ghtml> acesso em 16 Out. 2021.

SOUZA, de Talita. Quem é Antonieta de Barros, primeira deputada negra que criou o Dia do Professor. CB. Disponível em <https://www.correiobraziliense.com.br/euestudante/educacao-basica/2021/10/4955458-quem-e-antonieta-de-barros-primeira-deputada-negra-que-criou-o-dia-do-professor.html>. Acesso em 16 out. 2021 

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