Por: Pericles Gomes
Imagem: Internet
As festas juninas – como quase tudo no Brasil - começou nas sacristias e quermesses das igrejas católicas espalhadas por todos cantos, rincões e sertões deste nosso país. Os santos “nordestinos” – Santo Antônio, São João e São Pedro - símbolos de um nordeste religioso, eram festejados e amados como protetores dos sertanejos que de sol a sol lutam para vencer todas as agruras que a seca, o sol, e os maus políticos lhes impõe. Celebrar esses santos era celebrar a própria fé e a certeza da presença de Deus no meio deles. Portanto, motivo para se alegrar, festejar, se divertir e reunir a família.
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As festas juninas – como quase tudo no Brasil - começou nas sacristias e quermesses das igrejas católicas espalhadas por todos cantos, rincões e sertões deste nosso país. Os santos “nordestinos” – Santo Antônio, São João e São Pedro - símbolos de um nordeste religioso, eram festejados e amados como protetores dos sertanejos que de sol a sol lutam para vencer todas as agruras que a seca, o sol, e os maus políticos lhes impõe. Celebrar esses santos era celebrar a própria fé e a certeza da presença de Deus no meio deles. Portanto, motivo para se alegrar, festejar, se divertir e reunir a família.
Aos poucos, as festas ganharam corpo e os salões paroquiais não davam mais conta de comportar tanta gente. Agora já tinham que ser feitas nas avenidas e praças, e por fim, de tão absurdamente populares, ganharam a atenção dos coronéis e políticos, que viram ali uma fonte e meio de assegurar suas benesses e manter o povo “encabrestado”, a cartilha desde então tem sido seguida à risca. A festa que deveria ser apenas diversão, virou um grande negócio para a classe política, que dela desde então, tem se aproveitado.
Essa na verdade, é somente uma cópia daquilo que a Roma antiga já fazia com esmero. Lá imperava a política do “panem et circenses”, isto é, política do pão e circo. Esse modelo visava, e o fez com êxito, manipular as massas que nada tinham e viviam desassistidas pelo governo. A aristocracia então criou esse método para manter a população desinteressada da política e, por conseguinte, ficava condicionada aos prazeres da comida, simbolizada pelo pão, e a diversão, retratado pelo circo - quem quiser entender mais sobre isso leia Sátira do poeta Juvenal. Para o nosso nordeste o “panem et circenses” é a pamonha e o São João.
Basta o mês de junho chegar, que todos os problemas são esquecidos, esquece-se de tudo quanto nos assola. O que interessa é que a festa seja boa, que tenha muito forró, afinal a gente sofre tanto durante o ano todo, é justo que ao menos nesse mês, divirtamos-nos como se houvesse amanhã. As cidades ficam lindas, a prefeitura se preocupa em arrumar tudo bem direitinho, é um primor que só vendo... Não se pode receber milhares de convidados de todo o Brasil com a cidade toda desarrumada. Como escreveu meu amigo Leandro Bahiah certa feita: “Cidade maquiada, povo feliz”. Se todos passam no salão de beleza nesse período para dar uma repaginada no visual, é natural que a cidade também o faça, é mais do que justo que isso aconteça.
Alguém pode me perguntar: então você é contra as festas juninas? Respondo, categoricamente, que não. Como todo nordestino sou um entusiasta do São João, aguardo também ansioso por esse período. A ideia geral do São João é excelente! Ao mesmo tempo defendo também que as festas juninas sejam devolvidas ao povo. Sou totalmente contra se fazer festa para turista, enquanto que o povo da própria cidade fica em segunda plano nessa estória sem final feliz.
É inadmissível que num concurso de quadrilha, justamente a cidade anfitriã não tenha representante. Oportunismo e vigarice é o nome disso! Resgate da cultura é valorizar os artistas locais e dar a eles as oportunidades que lhes fora relegadas. Isto sim é investimento, o restante é perdularismo cínico.
É inadmissível que num concurso de quadrilha, justamente a cidade anfitriã não tenha representante. Oportunismo e vigarice é o nome disso! Resgate da cultura é valorizar os artistas locais e dar a eles as oportunidades que lhes fora relegadas. Isto sim é investimento, o restante é perdularismo cínico.
Milito para que estas festas sejam novamente da alegria, da diversão, da fé e da devoção e principalmente da família. Prefiro isso mil vezes aos bregas dos dias de hoje, aos gatos que não miam, mas faz poucos lucrarem absurdamente. Quero as fogueiras de volta, quero amigos reunidos para comer milho assado, amendoim cozido, canjica e pamonha e tomar licor e quentão e dar vivas a Santo Antônio, São Pedro e São João. Enquanto isso não acontece, canto com Edgar Mão Branca: “E ainda bem que todo ano vai ter São João. Ai quem me dera fosse festa todo dia”.
Diretor-presidente: Pericles Gomes. Edição e Revisão: Adenilson de Oliveira. Produção Executiva: Jailton Silva Gomes. Direção de Pauta: Leandro Bahiah. Direção de Arte: Pedro Henrique. Marketing e Propaganda: Abel Meira Gomes. Colunistas: Pericles Gomes/Leandro Bahiah/Pedro Henrique/Kallil Diaz. Colaboradores: Jamilson Campos/Henrique Alexandria e Josenaldo Jr.