terça-feira, 29 de março de 2016

E O GOLPE MARCHA À VELOCIDADE DA LUZ

Por: Pericles Gomes
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) pela segunda vez, pede o impedimento da presidenta Dilma eleita democraticamente em 2014. Logo a OAB, que em um passado não muito distante, apoiou o GOLPE CIVIL MILITAR de 1964. Por conta disso tudo, há inclusive brincadeiras rolando nas redes sociais, do tipo: "SE A OAB ENTROU COM UM PEDIDO DE IMPEACHMENT SEM BASE JURÍDICA, ISSO SIGNIFICA QUE A OAB SERIA REPROVADA NA PROVA DA OAB? Vale ressaltar que muitos advogados não foram favoráveis ao golpe.

O PMDB anunciou hoje a "saída" da base do governo. Governo que ele (PMDB) também faz parte, pois tem o vice presidente da República (Michel Temer) também eleito na chapa com a presidenta Dilma nas eleições de 2014.

E o golpe marcha à velocidade da luz! Com o apoio maciço da Rede Globo e da mídia golpista e antidemocrática que à anos domina o nosso país.

Já existe a discussão de um programa de aprofundamento da política liberal para além da Dilma, que já fez uma política liberal: é autonomia do Banco Central, entrega do pré-sal, mais ajuste fiscal, reforma da previdência e trabalhista. Medidas para acalmar o mercado, para a mídia parar de falar em crise e enterrar as investigações da Lava Jato que inclui o nome do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB).

Alguém está esquecendo que grande parte dos senadores do PMDB e quem preside esta Câmara estão citados na Lava Jato? Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Jucá, Lobão, Jader. É com isso que a oposição de direita quer fazer a transição? Para ferrar mais os trabalhadores? Para fazer um acordão desse tipo? Espero que o povo não participe dessa farsa!

E sim, Marx tinha razão: "a história por vezes se repete, primeiro como tragédia e depois como farsa"

terça-feira, 15 de março de 2016

DO QUE É QUE SE TEM SAUDADE

Por: Gregório Duvivier 
“O mundo tá chato”. Você já deve ter ouvido essa frase, geralmente vinda de gente chata. Em geral, serve para justificar o fracasso de alguma piada -claro, a culpa é do mundo, não da piada. Se sua piada não teve graça é porque “o pessoal hoje em dia se ofende com qualquer coisa”, afinal “você não pode mais brincar com nada” desde que “o politicamente correto venceu”. O que aconteceu? “O mundo perdeu a graça”.
Vale lembrar o óbvio: o fato de os ofendidos estarem manifestando somente agora sua indignação não significa que não se ofendessem antes. O que chamam de “politicamente correto” também pode atender pelo nome de “processo civilizatório”: o mundo definitivamente tá mais chato -se você for racista, machista ou homofóbico.
Nunca vi um negro com saudades das boas e velhas “piadas de crioulo”. O saudosismo, assim como o mocassim e a camisa polo com um cavalo enorme, é doença de branco. Se ninguém ri de uma piada machista, não significa que o mundo perdeu a graça, significa que o machismo perdeu a graça. Ou seja: cuidado. Quando você diz que o mundo tá chato, você pode estar se entregando.
“Quero meu Brasil de volta” -gritam atores em vídeo-manifesto e dançarinos em coreografia ensaiada. Não contem comigo para nenhuma manifestação que peça o Brasil de volta -são grandes as chances desse Brasil ser a encarnação das trevas.
Imagina que você tivesse uma máquina do tempo. Pode escolher uma época. Se eu fosse você, não colocaria no “shuffle”. Especialmente se você for negro, gay, mulher ou travesti. As chances de você ser espancado, escravizado, preso ou estuprado são altíssimas. Se você for pobre também não vai ser muito divertido. Viagem no tempo não é para esse povo diferenciado. A não ser que esteja procurando emoções fortes. Nesse caso, boa viagem.
Da minha parte, acho que prefiro ficar por aqui mesmo. Ainda não inventaram nada melhor do que o presente. Talvez abrisse uma exceção para o Brasil pré-colonial. Imaginem a Baía de Guanabara antes de Cabral -tanto o Sérgio quanto o Pedro Álvares- ou São Paulo antes de Borba Gato -tanto o bandeirante quanto a estátua. Aí sim. Por esse Brasil eu iria pra rua. No entanto, tendo em vista a profusão de hinos, bandeiras, camisetas da CBF, não acho que o Brasil das manifestações fale tupi-guarani. As selfies com a PM indicam que o Brasil saudoso é mais recente.
Se você quer algum Brasil de volta -levando em conta nossa história-, cuidado: você pode estar se entregando.

Fonte: Folha de São Paulo 

quarta-feira, 9 de março de 2016

CLARO QUE NÃO HÁ GOLPE, A COISA É MUITO PIOR

Por: Pericles Gomes

Eu não queria falar ou escrever nada sobre isso, mas como pedem a minha opinião, não me permito abster de dá-la. Quem acompanha as minhas publicações neste espaço, já deve ter percebido que me identifico politicamente com a esquerda. Abro um parêntese para dizer que milito contra o capitalismo e a perversa distribuição do capital; sou contra a direita, mas não propriamente de esquerda. Dito isto, fecho o parêntese.

É evidente que o eventual impeachment da presidenta Dilma não é golpe coisa nenhuma - alguns amigos meus se irritam quando escrevo presidentA, já tentaram me convencer que a maneira correta é presidentE, meu professor de Latim clássico e Língua Portuguesa me disse que sim, posso escrever presidentA - Claro que não existe briga entre direita e esquerda, entre elite e trabalhadores, entre pobres e ricos e muito menos briga de classes como o comunismo, o PT e o Lula nos fez e quer voltar a nos fazer acreditar. Isso nunca existiu por aqui, essa é só mais uma das mentiras que a máquina de mentiras do PT inventou. Nunca existiu e nem existe golpe ou conspiração!

A coisa é muito pior do que se imagina. Vejo a situação do país de forma calamitosa, desastrosa. Vejo o país afundado em uma crise muito mais política que financeira, sem precedentes em nossa história. O que está havendo no Brasil desde o ano 1500, quando os portugueses por aqui chegaram, é a bravata desleal entre Senzala e Casa Grande, entre colonos versus imperialismo, entre negros e senhores de escravos! Vejo nostalgia nos olhos e gestos de muitos, deste tempo que ainda não passou, infelizmente. Volto a afirmar: é imperialismo versus colonos e não direita contra esquerda! E como é triste ver meu povo bestializado, infantilizado e massa de manobras para estes pilantras profissionais em usurpar os mais pobres.

Mesmo iracundo com isso tudo, não quero bancar o advogado do diabo e muito menos defender o PT - deixo isso para os seus militantes-, quero tão somente defender a liberdade e a verdade. E como disse o poeta libertário quero repeti: "a minha única bandeira é a liberdade". No entanto, é evidente que nós, os colonos,  supomos que os "nossos senhores", enfim, tinham nos libertados. Até o PT tinha crido nisto, -mais um de seus erros-, quando na verdade, só tinha sido uma trégua em nossa bravata - que parece ser eterna-. Eles querem o país deles de volta, é justo! Afinal o Brasil nunca foi o país de todos!

Eles suportaram ver seus filhinhos brancos e ricos dividindo as salas das universidades com os filhos negros e pobres dos seus empregados negros, pobres e favelados; suportaram dividir o aeroporto, o shopping; suportaram até ver esses descendentes de escravos africanos e índios conseguir conquistar a casa, o carro, o apartamento próprio; e por incrível que pareça, suportaram  até um operário na presidência dessa nossa República de "faz de conta" e uma mulher com pouca capacidade de comunicação oral  e outras incapacidades, ser a chefe máxima dessa nossa frágil democracia, que consegue ser mais forte  só que a minha poesia. Mas basta! Chega! Agora eles querem o país deles de volta!

O que nos resta agora é assistir o que a Rede Globo nos oferece: os três últimos dias de "a regra do jogo", o BBB 16, apesar que agora ficou chato, a nossa candidata favorita -Ana Paula- foi excluída do programa.  Coisa de muita qualidade. Padrão Globo! Ou então, lembrar que somos maioria neste que deveria ser o nosso Brasil. E sim, ainda somos o país do futuro!

Que a Esperança nos guie. Mas esperança como nos ensinou o nosso patrono da Educação, Paulo Freire; "esperança do verbo esperançar". Somos agentes transformadores da sociedade em que vivemos. Não percamos o que já conquistamos. A história nos cobrará! Não lavemos as mãos como fez Pôncio Pilatos, contudo, gastemos a nossa vida e sejamos como foi Dom Hélder Câmara, a voz dos que não são escutados e a vez dos que são excluídos. Que nosso verdadeiro senhor, Jesus Cristo, nos ajude a nos ajudarmos. Pronto, está dito! 

PS: Já me disseram que escrevo textos grandes e por isso, quase ninguém lê. Peço desculpa, mas não sei ser mais sintético do que tenho sido. Prometo tentar diminuir na próxima reflexão, nesta não consegui. 


Diretor-presidente: Pericles Kinho. Edição: Adenilson Kbça. Direção de Arte: Pedro Henrique. Produção/Departamento: Leandro Bahiah. Direção de Marketing: Abel Meira. Colaboração: Jamilson Campos e Werônica Rios. 

terça-feira, 8 de março de 2016

DÚVIDAS DE UM IGNORANTE

Por: Gregório Duvivier

Não entendo nada sobre porcaria nenhuma. Sou um jovem cronista ignorante (não tão jovem para ser tão ignorante), e isso não é novidade para ninguém. O único ponto em que concordo com os colunistas de direita é quando afirmam que sou um idiota. O que continuo sem entender é por que perdem tanto tempo afirmando uma obviedade. Não saio por aí gritando que a Terra é redonda ou que vamos todos morrer. Ok, eu gritei essas coisas no Carnaval, mas estava sob efeito de psicotrópicos.

Minha sorte é que escrevo crônica. Não preciso fingir que sei alguma coisa. Muito pelo contrário: preciso de um exercício diário de ignorância para nunca deixar de ser leigo. Afinal, o mundo está o tempo todo tentando te empurrar certezas goela abaixo.

Não pensem que é fácil não saber nada sobre coisa nenhuma quando o mundo sabe tudo sobre todas as coisas. Basta um atentado atribuído ao Estado Islâmico para descobrir que todos ao seu redor são peritos no Alcorão. Basta um processo de impeachment para descobrir que todos os seus conhecidos são juristas renomados.

Cuidado: a doença do especialismo é altamente transmissível. Passe um tempo curto nas redes sociais e, quando você menos espera, tcharã, você se tornou um especialista. Em poucos minutos, você já está apontando culpados e proferindo sentenças.

Não tenho acesso às contas de Lula nem às minúcias da Lava Jato. Isso só quem parece ter é o Moro e os jornalistas do seu círculo íntimo. Não faço a menor ideia se Lula cometeu algum desvio, mas tampouco Moro ou os jornalistas parecem fazer ideia: as acusações parecem manchetes da "Tititi" –ou, pior, de "O Globo". "Assistente de estagiário de advogado teria suposto que Dona Marisa comprou um pedalinho." O mesmo não se pode dizer sobre Cunha, Calheiros e tantos corruptos comprovados que não estão passando pelo mesmo constrangimento.

Não sei nada sobre porcaria nenhuma. Mas parafraseando Guimarães Rosa: desconfio de muita coisa. Desconfio, inclusive, de Lula, assim como desconfio de qualquer juiz que tenha uma relação tão promíscua com a imprensa, assim como desconfio da polícia e de quem tira selfie com ela, assim como desconfio do "Jornal Nacional" e, na mesma medida, de quem aplaude o "Jornal Nacional" –sim, o mesmo jornal que elegeu o Collor e hoje brada contra a corrupção.

É preciso saber um pouco menos ou saber que se sabe muito pouco. Desconfio que o que mais faz falta nesse Brasil tão cheio de certezas é um punhado de dúvidas.

segunda-feira, 7 de março de 2016

POR QUE ODIAR O PT

Por: Gregório Duvivier

A primeira vez que me deparei com uma urna eletrônica foi para votar no Lula. E Lula se elegeu, depois de três tentativas malfadadas. Lágrimas grossas escorriam pelo meu rosto: com a prepotência característica dos 16 anos, tive a certeza de que era o meu voto que tinha feito toda a diferença.
A rua estava cheia de pessoas da minha idade que tinham essa mesma certeza. O Brasil tinha acabado de ganhar uma Copa do Mundo, mas a euforia agora era ainda maior: foi a gente que fez o gol da virada. Parecia que o Brasil tinha jeito, e o jeito era a gente –essa gente que nasceu de 1982 a 1986 e votava agora pela primeira vez.

Acabaram-se os problemas do Brasil –a gente chegou. Lembro das ruas cheias, das bandeiras do PT, lembro de abraçar desconhecidos na Cinelândia –Lula lá, brilha uma estrela.

Logo vi que não era o meu voto que tinha feito o Lula se eleger, nem o dos meus amigos, nem o da minha geração. Quem elegeu o Lula –isso logo ficou claro– foi o José Alencar, os Sarney, o Garotinho, foi aquela Carta aos Brasileiros e a promessa de que o Lulinha era Paz, Amor e Continuidade. Sobretudo continuidade.

Lula só alugou esse apartamento por quatro anos porque assinou um contrato de locação onde prometia entregar o imóvel i-gual-zi-nho. E Lula, por quatro anos, foi um inquilino dos sonhos –tanto é que renovou o contrato e ainda foi fiador da locatária seguinte. Fizeram algumas mudanças –as empregadas passaram a ganhar mais–, mas não fizeram o mais importante: uma desratização. Muito pelo contrário: os ratos de sempre fizeram a festa.

Caros amigos que odeiam o PT: podem ter certeza de que odeio o PT tanto quanto vocês –mas por razões diferentes. Odeio porque ele cumpriu a promessa de continuidade. Odeio porque ele não rompeu com os esquemas que o antecederam. 

Odeio por causa de Belo Monte e do total descompromisso com qualquer questão ambiental e indígena. Odeio porque nunca os bancos lucraram tanto. Odeio pela liberdade e pelos ministérios que ele deu ao PMDB. Odeio pelos incentivos à indústria automobilística e à indústria bélica. Odeio porque o Brasil hoje exporta armas para Iêmen, Paquistão, Israel e porque as revoltas do Oriente Médio foram sufocadas com armas brasileiras. Odeio porque acabaram de cortar 3/4 das bolsas da Capes.

O PT é indefensável –cavou esse abismo com seus pés. Mas assim como não fomos nós que elegemos Lula, engana-se quem vai às ruas e acha que está tirando Dilma do poder. Quem está movendo essa ação de despejo são os ratos que o PT não teve coragem de expulsar.

Fonte: Folha de São Paulo

domingo, 6 de março de 2016

MAIS UMA NOITE...

Por: Paulo Sinceridio
Imagem: Internet.

Suas preocupações estão voltadas para os impasses do dia-a-dia? Não faz mal. Pare. Relaxe e permita-se a refletir sobre qual é o seu papel na sociedade? Caso seja um homem religioso, pergunte-se: “Qual é a minha missão aqui na terra?”. Não seja mais um a passar despercebido, não por omissão, talvez, o (a) mesmo (a) não tivesse consciência do seu poder.
O dia-a-dia, a rotina, o trabalho não concreto, o bombardeio das grandes mídias elitistas/capitalista que todo santo dia tenta manipular a opinião pública e tem a pretensão de ser a formadora de opinião. Com certeza tomará boa parte do seu precioso tempo. Um do principal intuito é não deixar você se expressar. Por que? Quando você pensa torna-se um perigo. Todos têm que estar de acordo com os mandamentos das mídias capitalistas/elitistas.
E o tempo com sua família? Você trabalha de segunda a sábado, e ainda assim, será tentado meu irmão e minha irmã a trabalhar no domingo com a promessa de folgar um dia na semana. Ora, o domingo é do trabalhador. Dei-me dos dias de folga! E nos feriados você será tentado a trabalhar, ou seja, 100% de hora extra – Oba! Ilusão, é mais um jeito de tirar você do convívio familiar, de passar mais tempo com sua família. Quem trabalha demais é porque quer fugir dos problemas do lar.
Você trabalha para dar “conforto” a sua família, porém seus filhos sentem a sua falta, enquanto as famílias dos empresários capitalistas/elitistas dos formadores de opinião esbanjam-se nos lucros do seu trabalho, e da mais valia de Marx, e os mesmos aconselham-te a passar mais tempo com sua família, enquanto te explora nos setores das fábricas da vida.
E antes que me venha acusar de comunista/socialista reacionário – afirmo que sou contra o capitalismo e não contra o capital. Entretanto, mais uma noite vou dormir indignando vendo o povo ser massa de manobra, de ser usado como bonecos de fantoches, mais indignado fico ainda ao detectar o problema de cegueira dos proletariados, são os Gigantes adormecidos. Acorda Gigantes e mostra o teu Poder.


Diretor-presidente: Pericles Kinho. Edição: Adenilson Kbça. Direção de Arte: Pedro Henrique. Produção/Departamento: Leandro Bahiah. Direção de Marketing: Abel Meira. Colaboração: Jamilson Campos e Werônica Rios.