quinta-feira, 31 de março de 2022

EDUCAÇÃO — DIREITO, PRIVILÉGIO E OPORTUNIDADE.

 

Ana Carolina

Por: Leandro Bahiah.

Imagem: A. P.

Arte: Pedro Henrique. 


Muito se tem falado sobre educação, em especial, da educação brasileira que quando se compara com outros países tem números negativos no tocante a qualidade, até mesmo quando a comparação é feita com países desenvolvidos como Estados Unidos e a maioria dos países europeus, ou seja, uma comparação injusta, mesmo porque temos uma elite que não se preocupa com a qualidade da educação do Brasil.

Por que esta crise na educação brasileira? “A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto. ”, segundo Darcy Ribeiro, este projeto é da elite que quer usufruir dos privilégios e dos materiais escassos, Souza (2018), enquanto para o povo é dado uma educação bancária que apenas prepara o indivíduo para o trabalho ou trabalho precarizado como afirma Chauí (2019). Não é uma educação que humaniza, e nem tão pouco, faz o sujeito refletir sobre sua própria realidade  é uma educação que não se baseia em uma pedagogia histórica-critica.

Apesar da crise, houve avanços consideráveis na educação brasileira, principalmente durante os governos do Partido dos Trabalhadores (PT) que de fato olhou para os mais humildes e deu de fato oportunidade para os estudantes de baixa renda, neste período, foram criados Programa Universidade para Todos (Prouni), Sistema de Seleção Unificada (SiSU), Universidades, Escolas técnicas, graças a estes programas, pessoas que antes, nem se quer podia concluir o ensino médio, hoje, são universitários.

E vimos isso na prática, neste sentido parabenizamos Ana Carolina e Adryane Moura que conseguiram com seus próprios méritos fazer o Enem e finalmente cursar uma faculdade, todavia, sem oportunidades e uma educação pública de qualidade seria algo impossível como afirma Adryane: "Sim! Sem estes programas eu e muitos estudantes não teríamos condições de ingressar na universidade", reconhecendo assim a importância da criação dos programas nos governos petistas, embora, reconheça a importância destes programas, Ana diz que: "Hoje, o sonho de chegar a uma universidade não depende da classe social. Depende unicamente da nossa força de vontade. Se existisse essa força existirá sucesso. Afinal, o sucesso, nada mais é do que o acumulo de pequenos esforços repetidos dia a dia".

Por que estas alunas prosseguiram nos seus estudos? Primeiro a criação destes programas já citados, e também dos exemplos, as mesmas puderam evidenciar que filhos da terra já tinha sido agraciado e viram que é possível cursar uma faculdade, o que antes, era um privilégio da classe média e da elite, atualmente, pode ser diferente. Pode sonhar, os estudantes têm expectativas, isso é o que faz uma Nação forte.

Chauí diz que entre a carência (pobres) e o privilégio (elite), há o campo dos direitos universais, ainda não aceitos por parte da sociedade brasileira.

Neste sentido, creio eu, que todos os profissionais da educação de Ibitupã sentiram-se orgulhosos, o fruto do seu trabalho pode ser agora comprovado quando temos alunos de baixa renda entrando na universidade, por isso, que acreditamos na educação.

Através da escolarização, o sujeito, pode ajudar coletivamente e a transformar a realidade sua e dos outros, para isso, tem que se pensar numa educação crítica. 

Adryane Moura tem 20 anos e está fazendo Licenciatura em Física na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) em Itabuna, por sua vez, Ana Carolina tem 18 e irá cursar Letras na Universidade do Estado da Bahia (UNEB) em Ipiaú, ou seja, ambas fizeram
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021 e inscreveram no SiSU. Méritos das estudantes, aliado a promoção de oportunidades como, por exemplo, a ampliação e objetivo do Enem que quando foi criado em 1998 era apenas para avaliar o ensino médio.

Paulo Freire dizia se a educação não é libertária, faz com que o oprimido se torne opressor.

Só a educação é capaz de humanizar, de preparar o cidadão para viver uma cidadania plena, inclusive, qualificando-o para o mercado de trabalho, contudo este cidadão deve estar consciente do seu papel em quanto dos seus deveres e direitos.

A cada dia, somos obrigados a lutar pelos direitos conquistados e guerrear por mais direitos, em especial, esta luta compete a todos, principalmente dos educadores, pois os mesmos são tidos como referências na luta e no questionar - como sabedores dos seus direitos, com isso, teremos uma educação de qualidade e cada vez mais dando oportunidades para estudantes das camadas mais pobres, assim de fato, teremos uma nação justa, fraterna e igualitária.

Enquanto isso, trabalhamos e parabenizamos as universitárias Ana Carolina e Adryane Moura pelos seus feitos e esforços.

"A Deus, aos meus pais, minha avó, a minha família, amigos (professores) a quem sempre me apoiou", agradeceu Adryane. "Gratidão a Deus primeiramente por ter me propocionado essa bênção, gostaria de agradecer do fundo do meu coração a cada uma das pessoas que dedicaram um tempinho para orar e torcer por essa minha vitória, sou extremamente grata!", disse Ana Carolina.

Tanto Adryane quanto Ana Carolina pedem que mais estudantes pobres façam o Enem, e que se inscrevam nos programas educacionais, pois por mais que seja difícil não é impossível.

 

REFERÊNCIAS

RIBEIRO, Darcy. A crise da Educação no Brasil. Pensador, [?]. Disponível em: < https://www.pensador.com/frase/MjAyMjM3NQ/ > Acesso em: 30 mar. 2022.

CHAUÍ, Marilena. A tragédia neoliberal e a meritocracia. Canal Leandro Siqueira, 2017. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=5jNea8b3hUE > Acesso em: 30 mar. 2022.

SOUZA, Jessé. A Tolice da Inteligência Brasileira: ou como o país se deixa manipular pela elite. São Paulo: Leya, 2015.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 12ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.


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